terça-feira, 17 de janeiro de 2012

No Amazonas, falso pastor desaparece com 13 índios da etnia paumari

Blog da Amazônia por Altino Machado » No Amazonas, falso pastor desaparece com 13 índios da etnia paumari:

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

No Amazonas, falso pastor desaparece com 13 índios da etnia paumari

Altino Machado às 5:53 pm

POR OIARA BONILLA

Casa paumari no verão

Casa paumari no verão

Um homem que se apresentou como pastor e “parente” dos índios Paumari, da Aldeia Crispim, no Rio Purus, no Amazonas, desapareceu, segundo denúncia dos moradores, com 13 índios da etnia - cinco adultos, seis adolescentes de 12 a 16 anos, um menino pequeno e um bebê de colo.

No sábado (14), recebi um telefonema de uma mulher paumari, moradora da Aldeia Crispim, situada na Terra Indígena Paumari do Lago Marahã, no município de Lábrea (AM). Ela estava muito preocupada com sua filha mais nova e seus netos que haviam sido levados por um homem que se apresentou na aldeia como pastor.

A história que a mulher relatou foi a seguinte: No dia 24 de dezembro, os habitantes paumari da Aldeia Crispim, receberam a visita de um homem, desconhecido, que dizia-se pastor e descendente de índios macuxi.

O suposto pastor chegou acompanhado de um morador da aldeia, que ele conhecera em Lábrea poucos dias antes. O pastor pregou e encantou a todos com sua lábia e a qualidade de suas pregações.

Apresentou-se como compositor de musicas evangélicas e também como advogado que poderia ajudá-los, tanto no desenvolvimento de sua igreja, como na construção de uma escola melhor e na obtenção de inúmeros bens.

O suposto pastor e compositor vendeu dezenas de CDs aos moradores da aldeia Crispim, prometeu que os ajudaria a obter uma antena de rádio, luz elétrica, computadores, máquinas de lavar roupa e fornos para aliviar as tarefas quotidianas. Disse, ainda, que graças a ele, poderiam também instalar internet na aldeia.

Após vários dias de pregações e promessas, pediu ajuda aos paumari, pois seu cartão de crédito tinha sido bloqueado e precisava de dinheiro para voltar, para ir buscar tudo o que tinha prometido. Segundo o relato da mulher, várias pessoas da aldeia teriam emprestado dinheiro para o suposto pastor, inclusive pedindo empréstimos no banco da cidade.

Finalmente, o suposto pastor convidou o morador que o havia levado para a aldeia a acompanhá-lo em sua viagem de volta para buscar o material prometido. Partiu levando o homem paumari e toda a sua família (esposa, filhos, nora e neto), uma jovem mãe solteira, duas sobrinhas dela, sua filha mais velha e seu filho pequeno.

Prometeu que as moças seriam empregadas como secretária, lavadeira e babá e receberiam R$ 1,2 mil por mês. E partiram de barco, supostamente até a cidade de Canutama no início da semana passada, e teriam seguido pelo Rio Mucuim, na direção de Porto Velho, e parado no quilômetro 70 da estrada Lábrea-Porto Velho.

De lá, o pastor teria telefonado para uns parentes dos paumari em Lábrea dizendo que estava tudo bem e que voltariam com um barco e dois caminhões com as mercadorias e o equipamento prometido.

Desconfiados, alguns moradores da aldeia comunicaram o fato ao posto da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Lábrea. Um de seus funcionários avisou a Funai do município de Humaitá, além das delegacias de polícia de Humaitá e Canutama.

A Funai tentou interceptar o barco quando passava por Lábrea, sem sucesso, e seus funcionários estão aguardando notícias das delegacias das duas cidades. Segundo informações da Funai de Lábrea, é provável que o indivíduo seja um presidiário de Humaitá que teria obtido habeas corpus há pouco tempo.

História

Os paumari são um grupo de aproximadamente 1,3 mil pessoas, falantes de uma língua arawá, e habitantes das margens, dos lagos e dos igarapés do médio curso do Rio Purus.

A história desse povo ficou profundamente marcada pela chamada economia da borracha, - ou economia do aviamento - e pela instalação dos patrões na região, a partir de meados do século XIX. Estes impediam que os Paumari usassem as praias para cultivar e pescar durante o verão e exigiam destes uma dedicação exclusiva para saldar suas dívidas, contraídas através do aviamento de mercadorias.

Endividando-se com os patrões para comprar mercadorias e instrumentos de trabalho, eles ficaram intensamente envolvidos no sistema de aviamento e passaram a produzir (i.e. a extrair produtos vegetais e naturais) para saldar dívidas e obter mercadorias. Sua cosmologia e sua organização social foram fortemente marcada pela história, assim, o hábito dos jovens se empregarem em barcos de pesca, em colocações e seringais ou com comerciantes fluviais é uma herança dessa época.

Mais recentemente, com o declínio do patronato amazônico, a chegada das missões (na década de 1960) libertou-os da dependência dos patrões, mas modificou seu modo de vida, dividindo a população em “crentes” e “não-crentes”.

Desde então, e com a demarcação progressiva das terras (a partir dos anos 1990), procuraram restabelecer o ritmo de vida anual de alternância entre a terra firme e o rio e se reorganizaram politicamente, inclusive participando ativamente do movimento político indígena da região.

Atualmente, enfrentam sérios problemas como todos os demais grupos da região em relação à saúde indígena, à educação diferenciada e as invasões de terra, principalmente por barcos de pesca comercial. Os desafios maiores que enfrentam hoje são a migração de sua população para as cidades vizinhas (Lábrea, Tapauá, Porto Velho e Canutama) e o progressivo abandono de sua língua.

Oiara Bonilla é antropóloga, pesquisadora do Museu Nacional (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e trabalha junto aos Paumari desde 2000.

Fotos: Oiara Bonilla




segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Autoengano é a mais sutil e dissimulada magia da alma!

via blog do caminho da graça...

Autoengano é a mais sutil e dissimulada magia da alma!:
O QUE ÉAUTOENGANO?

Se o conceitoclássico de Insanidadeé fazer sempre a mesma coisa aguardando um resultado diferente dos muitosanteriormente alcançados [...] — então, Autoengano é fazer isto sem talconsciência consentida; ou seja: sem os jogos da sorte, como com frequência acontececom a Insanidade que faz a mesma coisa achando que terá resultados diferentesapenas porque, conquanto a coisa seja a mesma, o tempo é outro...; ou seja:tratando-se, nesse caso, de um novo jogo ou de uma nova sorte.

Autoengano,portanto, é a deliberaçãoque nos faz fazer algo que, consciente ou inconscientemente, suspeitamosque não alcance os objetivos desejados, mas que, pela nossa boa intenção,desta vez, estabelecer-se-á diferente apenas porque cremos sinceramenteque será diferente.

Autoengano, portal razão, é uma deliberação da fé/crença; a qual crê que a boa intenção mudaráo resultado das coisas!

Desse modo,podemos dizer que autoengano é um ato de fé/crença que assola o ser bem intencionado!...

Assim tambémse pode dizer que autoengano é uma deliberação das boas intenções, como se a boavontade tivesse o poder de mudar o significado das coisas, independentementede que as coisas tenham mudado ou não...

Autoenganonão demanda a conversão da pessoa/sujeito de nossa esperança; ou do objeto dovínculo por nós pretendido; ou mesmo dos fatos em si [...]; mas, supostamente,depende apenas da nossa boa intenção!...

Os agentespodem ser os mesmos, mas se as intenções por nós auto definidas forem outras,nos parece [ilusoriamente] que houve uma mudança radical e objetiva das coisasou das condições em questão.

Dessa forma,é o autoengano que nos faz crer que as mesmas coisas ou pessoas, sem alteraçõesconstatadas pelo tempo/fato/história — porém reunidas em outro tempo e outras superficiais circunstâncias —,automaticamente nos darão outro resultado [...]; diferente dosanteriores.

Pela mesmarazão se pode dizer que autoengano é uma decisão mágica da alma boa; aqual, contra toda lógica e sabedoria, acredita que a boa intenção tem o poder de alterar a realidade,a nossa e a do outro; ou mesmo tem a capacidade de transformar ascircunstancias implicadas na e da mesma decisão antes malfadada.

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Pesquisador vê má fé em estudos que ligam religião e saúde

vi no pavablog, publicado pelo Chico Sal

Pesquisador vê má fé em estudos que ligam religião e saúde:

Raphael Veleda, na Veja On-line


Pesquisas que relacionam fé e saúde aparecem com frequência nas revistas científicas. Segundo certos estudos, fiéis recuperam-se melhor de transplantes do fígado, superam com mais facilidade a depressão e aceitam melhor as sequelas de um acidente.


A mais recente pesquisa, publicada na semana passada, afirma que pessoas que frequentam igrejas correm risco menor de ter hipertensão. Mas para Richard Sloan, professor de medicina comportamental na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, pesquisas deste gênero não têm valor científico. Pior: são uma afronta à ética médica. “A maioria destes pesquisadores está interessada em promover alguma religião”, diz ele.


Autor de Blind Faith: The Unholy Alliance of Religion and Medicine (Fé Cega: a aliança profana entre religião e medicina, em tradução livre), Sloan é o maior crítico das pesquisas que apontam vantagens da fé para a saúde das pessoas. “Não há nenhuma evidência disso”, diz.


O pesquisador não questiona o conforto que a religião pode oferecer ao paciente. Seu alvo são os pesquisadores por trás de certos estudos. “A grande maioria dos estudos tem graves problemas metodológicos”, diz. “Ficar doente já é ruim o suficiente. E fica pior se a doença vem acompanhada pelo peso na consciência por não ter sido crente o suficiente.”


Que relação existe entre religião e saúde? Não há nenhuma evidência sólida de que haja relação entre devoção religiosa e boa saúde.


Um novo estudo aponta que pessoas religiosas correm menos riscos de ter hipertensão. É mais um trabalho que sofre dos mesmos problemas de todos os estudos de observação, que são superficiais.


Quais são os problemas das pesquisas que ligam religião e saúde? A grande maioria dos estudos tem graves problemas metodológicos. Alguns usam amostras muito pequenas e escondem ou ignoram dados, escolhendo os que dão força às conclusões. Existe um problema na metodologia da literatura médica que é o das múltiplas comparações. Escolhe-se uma ou mais hipóteses e são feitos inúmeros testes. Eventualmente, se acha um resultado que atinge significância estatística, mas isso é metodologicamente inadequado. A religião, talvez, ajude de outras formas. Pessoas religiosas podem fumar menos, beber moderadamente, se exercitar mais… Ou talvez não. Mas como afirmar com certeza que a religião é a responsável por isso? Não é assim que se faz ciência.


O que motiva tantas pesquisas deste tipo? Pessoas têm diferentes motivações para fazer esse tipo de pesquisa. Mas a maioria destes pesquisadores está interessada em promover alguma religião, alguma atividade religiosa. E usar a medicina para promover religião é uma violação dos valores éticos da medicina. E uma violação da liberdade religiosa.


E por que esses estudos geram tanta repercussão? Eles sempre atraem a atenção da imprensa. A combinação de medicina é religião é simplesmente muito atrativa para que seja ignorada. Então eles escrevem sobre isso o tempo todo, mas o que escrevem é ruim.


As revistas especializadas deveriam rejeitar estes trabalhos? Minha visão é a de que não vale a pena. Essas pesquisas não podem ser provadas. São todas feitas com base em observação. Se fosse possível encontrar essa ligação entre religião e boa saúde, e de novo isso é hipotético, o certo a fazer seria procurar os mecanismos que ligam essas questões. A causa é a redução no isolamento social? Religiosos são mais sociais porque participam de reuniões religiosas? Então teríamos um caminho por onde seguir, já que isolamento social de fato é ruim para a saúde. Se fosse possível chegar a isso, a próxima questão seria: o que fazer com essa informação? E o que não fazer com ela? Recomendar que as pessoas se tornem mais religiosas? Incentivar políticas que incentivem as pessoas a desenvolver mais interações sociais de qualquer natureza?


A religião não pode ajudar a dar essa esperança aos pacientes? Talvez possa fazer com que o paciente se sinta melhor e isso é uma coisa boa. Há evidências de que otimismo, que não é o mesmo que esperança, está associado com saúde melhor. Há estudos confiáveis mostrando isso. Mas não sabemos se podemos aumentar o senso de otimismo das pessoas. Ser otimista pode ser uma característica pessoal. Você não pode receitar isso. Alguns têm, outros não.




domingo, 8 de janeiro de 2012

Historia de Angola: O Kimbundu, Uma Lingua Emblemática - Pravda.Ru

Historia de Angola: O Kimbundu, Uma Lingua Emblemática - Pravda.Ru:


Historia de Angola: O Kimbundu, Uma Lingua Emblemática

05.01.2012

* Simão Souindoula

É o ponto de vista defendido pelo especialista do Congo da margem direita, Jean de Dieu Nsonde, na sua nova obra « Falamos kimbundu. Língua de Angola » que lançara, em Paris, em algumas semanas, na rua das Escolas, no Bairro Latino, as edi ç õ es L'Harmattan.

Historia de Angola: O Kimbundu, Uma Lingua Emblemática. 16227.jpegSelado no bom formato de 140 paginas este estudo e o seguimento, lógico, dos notáveis trabalhos anteriores deste antigo estudante da rigorosa Escola Hist ó rica de Brazzaville. Com efeito, esse Doutor em história pré - colonial na Universidade de Paris 1, complete com esse último livro, as suas sólidas análises sobre a evolu ç ã o religiosa, linguística e civilizacional do imenso conjunto federal Kongo e dos seus territórios aliados.


Nsonde, cuja tarefa foi facilita pela similaridade do kikongo e kimbundu, falares considerados, ate, recentemente, variantes de uma mesma língua, que estava, visivelmente, ainda veicular, em Loanda, no século XVI, marca o inicio da diferenciação, mais pronunciada, entre os dois idiomas, gêmeos, a partir da violente fundação da Colónia portuguesa de Angola nas terras do aliado Ndongo, território, igualmente, dos Nzinga.


E, e naturalmente que o kimbundu será arrastado pela dinâmica histórica e se apresenta, hoje, segundo o especialista congolês, a tualmente Professor em função em Guadalupe, nas Antilhas francesas, como a língua angolana que, mais, fagocitou, retenções do português. E, será, também, esse idioma que, mais, dará, à língua de Camões, os seus bantuismos.


E, é sobre o falar dos Ngola que será produzida, mais instrumentos linguísticos : dicionários, glossários, léxicos e gramáticas.


Apreendida, portanto, na pretensiosa colónia, a língua da « Warrior Queen of Matamba » será influenciada pela consolidacao militar deste território, ocupado de força, com as suas capacidades de ativismo escravagista e sua imparável primeira evangelização.


A epopéia do idioma dos Mondongos, escravos, continuará no Golfo de Guiné e no além - Atlântico, num inseparável duo, genérico, congo/angola, com a produção de mesmos suportes de aprendizagem, sobretudo, religiosos ; participando, gradual e finalmente, a formação de crioulos à base romana ou anglo-saxã.


O dialeto dos Ambundu será convidado, em Angola, pós -Berlim, na literatura com acentos, já, autonomistas.


Os poetas - nacionalistas utilizarão, antes e depois da Segunda Grande Guerra, a sua impenetrável carga antropológica a fim de exprimir as suas esperanças de liberdade.


INTERCOMPREENSAO


Principal língua bantu em uso na definitiva capital da Colónia e do atual Estado, independente, a fala da Feira de Cassanje será o que terá, dentre das línguas autótones, a expansão a mais significativa no território ; consequência do seu papel de pivô nas trocas comerciais com o hinterland. Outro ganho desta situa ç ão administrativa, o kimbundu será a língua, por excelência, da música urbana ; em suma da principal express ão musical nacional e do português particularizado do país.


Veredito do historiador congolês de Mfwa, instalado nas Caraíbas, o kimbundu e o primeiro idioma bantu falado, hoje, na regi ão de Luanda e nas zonas, rurais, adjacentes. A sua import ância se manterá graças a sua difusão no pacote de Ngola Yetu, a esta ç ão radiofônica, especializada nas línguas nacionais, que emite, em ondas curtas, quer dizer, sobre o conjunto do território nacional ; atingindo, portanto, bem, as comunidades kimbundufonas do Bandundu, no Congo-Kinshasa.


A situa ç ã o do jargão dos Kisamas e Dembos perdurara graça, igualmente, a diversos fatores de caráter cultural ou politico tais como a sua inclusão no sistema de ensino geral e de forma ç ão profissional, ou na administra ç ão dos municípios e comunas, assim que a realiza ç ão das campanhas eleitorais.


Com as suas longas bandas de intercompreensão linguística atingindo, pelo menos, seis províncias do pais, a sua persistente colagem ao kikongo, ilustrada, pela reedi ç ão do dicion ário do Padre Da Silva Maia, sobre as duas línguas aparentadas de Cannecatim, o kimbundu jogará, particularmente, bem, sem dúvida, ao lado dos outros idiomas do pais, o papel de língua bantu para a consolida ç ão da naç ã o angolana.


* Historiador. Perito da UNESCO - Consultor do Centro Internacional das Civilizações Bantu
Caixa Postal 2313 - LUANDA - Angola



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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

“Só um Deus nos poderá salvar”

Texto de Leonardo Boff...



“Só um Deus nos poderá salvar”

01/01/2012

Esta frase não vem de algum Papa mas de Martin Heidegger (1889-1976), um dos mais profundos filósofos alemães do século XX, numa entrevista dada ao semanário Der Spiegel no dia 23 de setembro de 1966 mas somente publicada no dia 31 de maio de 1976, uma semana após a sua morte. Heidegger sempre foi um observador atento dos destinos amedrontadores de nossa civilização tecnológica. Para ele a tecnologia como intervenção na dinâmica natural do mundo para benefício humano, penetrou de tal maneira em nosso modo de ser que se transformou numa segunda natureza.

Hoje em dia não podemos nos imaginar sem o vasto aparato tecnocientífico sobre o qual está assentada nossa civilização. Mas ela é dominada por uma compulsão oportunística que se traduz pela fórmula: se podemos fazer, também nos é permitido fazer sem qualquer outra consideração ética. As armas de destruição em massa surgiram desta atitude. Se existem, por que não usá-las?

Para o filósofo, uma técnica assim sem consciência, é a mais lídima expressão de nosso paradigma e de nossa mentalidade, nascidos nos primórdios da modernidade, no século XVI, cujas raízes, no entanto, se encontram já na clássica metafísica grega. Esta mentalidade se orienta pela exploração, pelo cálculo, pela mecanização e pela eficiência aplicada em todos os âmbitos, mas principalmente em relação para com a natureza. Essa compreensão entrou em nós de tal maneira que reputamos a tecnologia como a panacéia para todos os nossos problemas. Inconscientemente nos definimos contra a natureza que deve ser dominada e explorada. Nós mesmos nos fizemos objeto de ciência, a ser manipulados, nossos órgãos e até nossos genes.

Criou-se um divórcio entre ser humano e natureza que se revela pela crescente degradação ambiental e social. A manutenção e a aceleração deste processo tecnológico, segundo ele, pode nos levar a uma eventual autodestruição. A máquina de morte já está há decênios construída.

Para sair desta situação não são suficientes apelos éticos e religiosos, muito menos a simples boa-vontade. Trata-se de um problema metafísico, quer dizer, de um modo de ver e de pensar a realidade. Colocamo-nos num trem que corre célere sobre dois trilhos e não temos como pará-lo. E ele está indo ao encontro de um abismo lá na frente. Que fazer? Eis a questão.

Se quiséssmos, teríamos em nossa tradição cultural, uma outra mentalidade, nos presocráticos como Heráclito entre outros, que ainda viam a conexão orgânica entre ser humano e natureza, entre o divino e o terreno e alimentavam um sentido de pertença a um Todo maior. O saber não estava a serviço do poder mas da vida e da contemplação do mistério do ser. Ou em toda a reflexão contemporânea sobre o novo paradigma cosmológico-ecológico que vê a unidade e a complexidade do único e grande processo da evolução do qual todos os seres são emergências e interdependentes. Mas esse caminho nos é vedado pelo excesso de tecnociência, de racionalidade calculatória e pelos imensos interesses econômicos das grandes corporações que vivem deste status quo.

Para onde vamos? É neste contexto indagações que Heidegger pronunciou a famosa e profética sentença:”A filosofia não poderá realizar diretamente nenhuma mudança da atual situação do mundo. Isso vale não apenas para a filosofia mas principalmente para toda a atividade de pensamento humano. Somente um Deus nos pode salvar (Nur noch ein Gott kann uns retten). Para nós resta a única possibilidade no campo do pensamento e da poesia que é preparar uma disposição para o aparecimento de Deus ou para a ausência de Deus em tempo de ocaso (Untergrund); pois, nós, em face do Deus ausente, vamos desaparecer”.

O que Heidegger afirma está sendo também gritado por notáveis pensadores, cientistas e ecólogos. Ou mudamos de rumo ou a nossa civilização põe em risco o seu futuro. A nossa atitude é de abertura a um advento de Deus, aquela Energia poderosa e amorosa que sustenta cada ser e o inteiro universo. Ele nos poderá salvar. Essa atitude é bem representada pela gratuidade da poesia e do livre pensar. Como Deus, segundo as Escrituras, é “o soberano amante da vida”(Sabedoria 11,24), esperamos que não permitirá um fim trágico para o ser humano. Este existe para brilhar, conviver e ser feliz.

Veja do autor o livro Proteger a Terra-Cuidar da vida: como evitar o fim do mundo, Record, Rio de Janeiro 2010.


acesse: http://leonardoboff.wordpress.com/2012/01/01/so-um-deus-nos-podera-salvar/

Malafaia invoca o Espírito Santo para pedir oferta de R$ 1 mil por 12 meses

Malafaia invoca o Espírito Santo para pedir oferta de R$ 1 mil por 12 meses: Malafaia e Murdock, a dupla

da oferta dos R$ 1 mil


Silas Malafaia (foto), da Assembleia de Deus em Cristo, e o pastor americano Mike Murdock (na foto abaixo), invocaram o Espírito Santo para pedir...

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Paulopes: Suécia reconhece como religião compartilhamento de...

Paulopes: Suécia reconhece como religião compartilhamento de...: Esses são os símbolos sagradas da nova religião O governo da Suécia deu reconhecimento oficial à Igreja Missionária de Kopimism cuja...

SOPA indigesta: Google e Facebook podem causar “blackout” na internet

vi no Pavablog..
SOPA indigesta: Google e Facebook podem causar “blackout” na internet:

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Publicado originalmente no site da Época


A insatisfação das empresas contra a lei antipirataria que tramita no Senado dos Estados Unidos pode causar um “blackout” na internet. Sites como Facebook, Google, Amazon, Wikipédia e Twitter podem suspender suas atividades como forma de protesto contra a SOPA, sigla para Stop Online Piracy Act. Por enquanto, nenhuma data para a manifestação foi marcada e a suspensão é apenas uma ameaça.


As empresas contra a lei se reuniram em uma associação conhecida como NetCoalition, que inclui ainda o eBay, Foursquare, PayPal, Mozilla, Yahoo, Zinga, AOL e LinkedIn. Em entrevista ao canal de TV americano Fox News, o diretor da associação, Markham Erickson, afirmou que essas empresas estão pensando em realizar o protesto depois que a Mozilla, criadora no navegador Firefox, suspendeu suas atividades por um dia.


A lei, que será debatida no final de janeiro, prevê penas severas para os sites pelo conteúdo postado por usuários. Se alguém postar um link com um disco ilegal, o responsável será o portal que abriga esse conteúdo. Entre as penas possíveis estão a suspensão do site e a prisão dos responsáveis por seis meses a cinco anos. Além disso, a lei dá liberdade a esses sites para retirar qualquer conteúdo considerado suspeito do ar, sem necessidade de ordens judiciais. Segundo a NetCoalition, essas medidas ferem a Primeira Emenda da Constituição dos EUA (que defende a liberdade de expressão) e funcionariam de modo semelhante à censura.


A SOPA é defendida por gravadoras, produtoras cinematográficas, emissoras de televisão e editoras de livros, que alegam que a lei vai proteger os direitos autorais de seus produtos culturais. A Microsoft e a Apple também estão entre seus defensores. Espera-se que a lei ajude a desmascarar sites que vendem drogas. No Congresso americano, a lei tem amplo apoio de congressistas tanto do Partido Republicano quanto do Partido Democrata, mas a votação, por enquanto, não tem data para ocorrer. Atualmente, a SOPA está no Comitê de Justiça do Congresso.




Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano - YouTube

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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Pastor da Igreja Batista Central do DF é preso por estelionato.

vi no Genizah

Pastor da Igreja Batista Central do DF é preso por estelionato.:



O pastor Rubens Ferreira de Moraes, da Igreja Batista Central de Brasília SGAS 603 Avenida L2 Sul - Brasília/DF) foi preso nesse sábado (31/12) por agentes da 1ª Delegacia de Polícia da Asa Sul do DF.





Ele é acusado de integrar uma quadrilha de estelionatários. A polícia não divulgou quais foram os golpes praticados pelo líder religioso, de 51 anos, mas o investiga também por receptação de produtos roubados e falsificação de documentos.





O pastor também está envolvido em outros 10 inquéritos policiais e já tinha mandados de prisão em aberto.
Natural do Pará, Rubens Ferreira é membro da Igreja batista Central de Brasília desde 1999 e fou ordenado pastor ali em 2001.





Em virtude do escândalo, o presidente da igreja, Pastor Ricardo Espíndola exonerou o antigo pastor e já não se encontra qualquer referência ao seu nome ou mesmo fotografias no site da igreja. Veja aqui.





































Imagens do G1







Por meio de um comunicado, a direção do templo informou que a medida foi tomada com base nas investigações do Ministério Público, muito embora, por todos estes anos de convivência jamais tenha sido notada qualquer atitude desabonadora à sua conduta na igreja e na comunidade.





Como pode ser constatado no seu portal, a Igreja Batista Central de Brasília oferece certas excentricidades incomuns para uma igreja batista tradicional, entre estas: um ministério profético para viagens a Israel e um ministério de finanças CROWN, um curso permanente com a finalidade de “ensinar às pessoas os princípios financeiros de Deus”.










Genizah, com informações das agências.




Eles querem matar Deus - Cristianismo Hoje

Eles querem matar Deus



O jornalista Fábio Marton era considerado um menino prodígio nas mãos do Senhor. Neto de um pastor respeitado na igreja Assembleia de Deus e filho de crentes, com apenas nove anos o garoto já era tratado como um “pastorzinho”, e aproveitava as oportunidades que recebia para subir no púlpito e falar do Evangelho. Chegou à adolescência e mocidade vivendo uma vida dedicada a Cristo. Há 20 anos, entretanto, tudo começou a mudar. No final de 1991, Marton perdeu a mãe num acidente de automóvel. O irmão ficou paraplégico. “Vi minha mãe ser enterrada e me questionava onde estava Deus, que não fazia nada”, lembra. As dúvidas cresciam e se transformavam em inquietações à medida que o garoto avançava pela adolescência e via abusos, fanatismo e falta de consistência na mensagem das igrejas pelas quais passava.

Marton bem que tentou lutar contra as desconfianças. Certa vez, até falou em línguas estranhas – o sinal do batismo com o Espírito Santo, de acordo com o que creem os pentecostais. Nada adiantou. No colégio técnico e na faculdade, tentou viver como um cristão liberal, conciliando fé e teorias científicas. Porém, como os milagres que esperava não chegavam e o esfriamento espiritual só aumentava, o afastamento dos templos deixou de ser temporário e se tornou definitivo. Numa noite, ele subiu ao telhado de sua casa e contemplou o céu estrelado. Mais uma vez, procurou o Altíssimo, tentou falar com ele, mas conta não ter ouvido resposta. Desceu com a convicção: Deus não existe!

Histórias como a de Fábio Marton têm se tornado mais comuns. Ultimamente, tem crescido a quantidade de brasileiros que se declaram ateus. Eles ainda são minoria em um país de expressiva tradição cristã, onde católicos e evangélicos, seguidores das duas maiores confissões, somam mais de 90% da população, mas têm chamado a atenção. Cada um a seu jeito, os relatos pouco diferem da trajetória dos grandes defensores do ateísmo no mundo – gente como o biólogo evolucionista Richard Dawkins, famoso pelo combate que travam contra a religião, principalmente o cristianismo ocidental (ver quadro). A grande novidade é que essa verdadeira “guerra” já não tem mais como palco somente a Europa e os Estados Unidos. Ímpio – O Evangelho de um ateu, livro no qual Marton conta suas memórias, usa de muita ironia para criticar parte das igrejas protestantes e faz uma apologia contra Deus, é um dos mais vendidos da Editora Leya. E essa batalha cada vez mais é travada no Brasil, nação que muitos líderes evangélicos dizem estar experimentando um dos maiores avivamentos espirituais da modernidade.

E a guerra contra Deus não é apenas filosófica. A postura de incredulidade é parte de um processo de secularização do Estado, embalado com tentativas de limitar a voz dos religiosos na sociedade brasileira, inclusive na esfera legal. Em agosto, um caso chamou a atenção da opinião pública nacional. A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão do Estado de São Paulo entrou com uma ação civil pública contra a Rede TV! e a Igreja Internacional da Graça de Deus. A alegação é de que, no programa O profeta da nação, exibido em horário pago naquela emissora, teriam sido proferidas ofensas contra os ateus. No episódio levado ao ar no dia 10 de março deste ano, no quadro O profeta nas ruas, o pastor e apresentador João Batista convida transeuntes para uma oração. Em dado momento, pede que “apenas aqueles que acreditam em Deus” devem se aproximar. Em seguida, repele os outros: “Quem não acredita em Deus pode ir para bem longe de mim. A pessoa que não acredita em Deus é perigosa. Ela mata, rouba e destrói”, declara o religioso.

Até o fechamento desta edição, a ação ainda estava em tramitação. A intenção do Ministério Público é obrigar a Igreja da Graça, responsável pelo programa, a exibir retratação da fala em tempo dobrado ao da transmissão original e a veicular mensagens educativas contra a discriminação religiosa. De acordo com o procurador responsável pelo caso, Jefferson Dias, as declarações do pastor João Batista ferem o direito constitucional à liberdade de pensamento e religião. Em sua denúncia, ele argumenta que a laicidade do Estado também dá ao cidadão a liberdade de ser ateu.

PATRULHAMENTO

Ainda que a ação seja indeferida, ela chama a atenção para um patrulhamento que tem havido na sociedade brasileira, particularmente entre os chamados formadores de opinião. E, o que alguns encaram como demonstração da laicidade do Estado é denunciado por outros como restrição à liberdade de crença, um dos pilares das democracias ocidentais. Em grandes nações européias como França, Alemanha, Grã-Bretanha e Espanha, o movimento ateísta já tem representatividade comparável à de partidos políticos. Uma de suas ações mais visíveis são as campanhas ideológicas através de propaganda – inclusive, com a exibição de frases e textos ateístas em jornais, ônibus e outdoors. Além disso, já há políticas de Estado para coibir a expressão religiosa, como a proibição ao uso de véus por parte dos muçulmanos e de símbolos cristãos como crucifixos em prédios públicos.

O Velho Continente abriga quatro das cinco nações em todo mundo que menos aceitam a existência divina. Nada menos que 64% dos suecos, 48% dos dinamarqueses e, praticamente, a metade dos franceses e dos alemães já enchem a boca para dizer que não acreditam em Deus. “Isso não é mais uma tendência por lá. É a realidade, ainda que alguns grupos religiosos e tradicionais se oponham. O problema é que esse modelo, com ares ‘politicamente corretos’, ganha força também nos Estados Unidos e já chega ao Brasil”, analisa o pastor e escritor Augustus Nicodemus Lopes, chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Ele alerta que proibições a símbolos e expressões públicas de fé podem, no futuro, transformar-se em vedações legais a cultos. “Democracias só podem existir enquanto houver liberdade de expressão e de religião”, pontifica.

No Brasil, onde os chamados sem-religião são o grupo que mais cresce na atualidade – eles passaram de pífios 0,5% em 1950 para 7,8% da população nos anos 2000, e a expectativa é por um número maior a partir da totalização dos dados aferidos pelo último Censo –, a face mais visível desse processo de secularização está nas ruas. No mês de junho, duas grandes manifestações realizadas em São Paulo viraram palanques para discursos inflamados por conta da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de legalizar a união estável entre pessoas do mesmo sexo. A primeira foi a 19ª Marcha para Jesus, uma das maiores manifestações religiosas do planeta. “Eles querem aprovar uma lei para dizer que a Bíblia é um livro homofóbico e botar uma mordaça em nossa boca. Amanhã, se alguém quiser fazer uma marcha em favor da pedofilia, do crack ou da cocaína, vai poder fazer. Nós, em nome de Deus, dizemos não”, declarou na ocasião o pastor Silas Malafaia, um dos protagonistas do evento. Apenas três dias depois, em outro lugar da cidade, a 15ª Parada do Orgulho LGBT ( Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) tecia críticas aos religiosos e os acusava de “homofobia”.

“Não tenho dúvida de que essa batalha para desqualificar a posição dos evangélicos e classificá-la como preconceituosa e discriminatória é parte desse processo de secularização do Estado brasileiro”, destaca o pastor e deputado federal João Campos (PSDB-GO), presidente da Frente Parlamentar Evangélica. A referência é clara: projetos como o PL 122/2006, que, se aprovado, criaria restrições à contestação da prática homossexual, ainda que embasada em princípios religiosos. “Não somos contra os direitos de ninguém, mas não podemos aceitar leis que nos impeçam de falar nossa opinião”, reivindica o parlamentar.

Apesar de esse projeto ter sido arquivado, ao que parece, em definitivo, a agenda é bem mais ampla e traz outras propostas, como a legalização do aborto e o Plano Nacional de Direitos Humanos, todos com alardeada defesa da democracia. “Acontece justamente o contrário. A liberdade de expressão é que está em risco nessa guerra. O que existe é uma confusão em torno da ideia de laicidade, que não é a mesma coisa que ateísmo”, continua Campos. “O Estado laico é aquele que protege a expressão de todas as religiões, e nenhuma em particular. Ele precisa garantir a possibilidade dos cultos. O Estado é laico, mas a sociedade, cristã”, completa. O oposto do que aconteceu em 2008, quando essa neutralidade foi colocada em dúvida com a decisão do governo brasileiro, então chefiado por Luiz Inácio Lula da Silva, de firmar um acordo com o Vaticano. Ao definir o Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil, o acordo destacava a obrigatoriedade de o Estado oferecer ensino religioso, católico e de outras confissões, para alunos do ensino fundamental. Com matrícula facultativa ou não, é uma clara perda de limites. Apesar disso, recebeu pouca atenção na época. “Quando não há mobilização social, protestos, o assunto cai no esquecimento. Há muitos interesses para que seja dessa forma”, lamenta o chanceler Lopes.

“IRRACIONALISMO”

Ele mesmo foi envolvido em uma polêmica muito mais ruidosa no começo deste ano. Tudo por conta de um protesto de ativistas de movimentos LGBT contra o Mackenzie por causa de um artigo que criticava o PL 122/2006 e estava no site da instituição. Cerca de quatro mil pessoas se reuniram nas imediações da universidade gritando palavras de ordem contra a homofobia. “Foi mais um factóide para atrair a atenção da mídia sobre um assunto condenado”, avalia Augustus Nicodemus Lopes. “O texto foi escrito por um pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil e fazia parte de uma área de debates no site. Estava lá havia cinco anos. Por que tanta comoção só agora?”, questiona o educador. Apesar de ser um fato isolado, ele acredita que outras manifestações e projetos virão a reboque do movimento secularista e ateu. “A Europa se divorciou de suas raízes cristãs, e agora sofre com o ateísmo. Isso vai acontecer com o Brasil?”

A pergunta é de difícil resposta. Enquanto isso, os novos ateus não ficam parados. Dawkins e seus pares recentemente criaram uma Aliança Ateísta Internacional. O objetivo do grupo é investir maciçamente em campanhas a favor do ateísmo em países em desenvolvimento, e o Brasil, por seu gigantismo e tradição cristã, já é apontado como uma das prioridades. Durante a assembleia de fundação da organização, o discurso estava ensaiado: “A Aliança será a voz global das causas ateístas e seculares. Vamos promover e apoiar o livre pensamento em todo o planeta”, destaca Tanya Smith, sua primeira presidente. Já a prática parece estar longe desse ideal. A julgar pelo belicismo dos neo-ateus, há quem tema novas inquisições, dessa vez laicas e sem fogueiras, mas igualmente danosas ao ser humano como o obscurantismo medieval.

Por aqui, o que já existe é a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea), entidade surgida para combater o que seria o preconceito contra aqueles que não admitem a existência divina. Mas suas peças publicitárias são um verdadeiro tapa na cara dos crentes. Uma delas traz fotos do célebre ator Charles Chaplin e do ditador nazista Adolf Hitler. Junto ao primeiro, a frase: “Não acredita em Deus”. Abaixo da imagem de Hitler, a provocação: “Acredita em Deus”. Só que, embora certa a justificativa de que “religião não define caráter”, como sentencia a Atea, não dá para esquecer que foram as teorias evolucionistas de Darwin que inspiraram as leis de eugenia do nazismo alemão. “Todos os grupos que sofrem algum tipo de preconceito procuram fazer campanhas de conscientização para tentar minimizar o problema. Não somos diferentes”, declara Daniel Sottomaior, presidente da associação.

“O ateísmo cresce muito por causa do aumento do irracionalismo. Com a internet e a comunicação de massa, acredita-se cada vez mais em astrologia, experiências extrassensoriais, bruxas, alienígenas e discos voadores. Mas isso nada tem a ver com o cristianismo”, aponta o estudioso Michelson Borges, editor da Casa Publicadora Brasileira e membro da Sociedade Criacionista Brasileira. “A Bíblia oferece as melhores respostas para as mais difíceis inquietações da modernidade, aí incluídas o sentido da vida e o destino após a morte”. Para ele, dizer que os verdadeiros cientistas rejeitam a fé em Deus não passa uma falácia – tanto, que uma grande pesquisa realizada há alguns anos com cientistas dos países mais desenvolvidos do mundo revelou que 40% deles acreditam, sim, em um Deus pessoal. “Se o método científico pelo qual se orientam demonstrasse realmente a inexistência da divindade, não haveria um cientista crédulo”, raciocina Borges.

Um deles é Francis Collins, diretor do Projeto Genoma Humano, responsável pelo primeiro mapeamento da cadeia do DNA do homem. Ateu na juventude, Collins se converteu depois que, mesmo já doutorado, voltou aos bancos escolares. Estudando medicina, ele conviveu com vários pacientes em hospitais, e percebeu que os que tinham fé mantinham a serenidade e a espiritualidade, mesmo diante das piores adversidades. Sua história é revelada em A linguagem de Deus (Editora Gente), obra em que conta vários casos interessantes. “Quando o então presidente norte-americano Bill Clinton anunciou na Casa Branca o mapeamento do DNA humano, agradeceu a Deus. Para mim, não houve qualquer constrangimento; aliás, eu até ajudei a escrever o discurso. Fé e ciência não são contraditórias, e o homem só conseguirá ser completo conciliando as duas.”

“Os evangélicos não podem ignorar o movimento secularista”

Um dos maiores intelectuais cristãos do país, o bispo Robinson Cavalcanti, da Diocese Anglicana do Recife (PE), conversou com CRISTIANISMO HOJE sobre o crescimento do ateísmo no Brasil:

CRISTIANISMO HOJE – Qual a diferença entre laicidade e secularização do Estado?

ROBINSON CAVALCANTI – Os Estados podem ser ateus, como na Coreia do Norte; teocráticos, como no Irã; confessionais, como na Escócia; ou laicos, como no Brasil. O que vejo hoje, principalmente na Europa ocidental, é a tentativa de criar uma nova categoria, o Estado secularista, com o laicismo sendo usado para encobrir o secularismo. A secularização tenta ignorar os elementos da nação, restringindo a religiosidade e a subjetividade dos indivíduos ao espaço privado. No fundo, é outra forma de Estado ateu.

Então, a liberdade religiosa no Ocidente está sob ameaça?

Há, de modo geral, uma ameaça à liberdade religiosa no espaço euro-ocidental. E, mais forte ainda, existe uma atitude de rejeição às religiões monoteístas de revelação, porque seus princípios morais se chocam com o politicamente correto, o multiculturalismo e as agendas que marcam esse secularismo, como a LGBT. Realmente, essa é uma tendência.

Mas o Brasil tem tradição e cultura cristãs. Aqui, a ameaça é real?

A Constituição brasileira começa invocando a proteção de Deus, o que caracteriza nosso Estado como sendo teísta, espiritualista e não confessional. Mas o secularismo vem agindo com força no aparelho do Estado brasileiro, nos três poderes e em todos os níveis, além da academia, das artes e dos meios de comunicação. Há um choque cultural, e isso é inegável. Os protestantes devem se preparar para dar uma resposta à altura a essa questão. Manter o Estado laico é ter respeito à diversidade de opiniões e permitir a real existência de nossa nação. Os evangélicos não podem ignorar esse movimento de secularização do Estado. Nossa identidade nacional tem de ser preservada; não se pode permitir que se promova a implosão do Cristo Redentor ou que mudem os nomes dos estados do Espírito Santo e de São Paulo. Se os ateus quiserem trabalhar na sexta-feira da Paixão, peçam a chave da empresa aos seus chefes e façam hora extra.

Em que creem aqueles que dizem não crer

Eles costumam dizer que não têm fé. Mas a verdade é que o combate que travam contra a crença no sobrenatural é mais fundamentalista e apaixonada do que qualquer radicalismo religioso. O ateísmo pode ser coisa antiga, mas o movimento neo-ateu é bem mais recente – na verdade, uma reação contra a religiosidade vazia, baseada em superstições e emoções, que surgiu na segunda metade do século passado. Para essa corrente do ceticismo, não basta somente não crer em Deus: é preciso odiar a religião e combatê-la. Até por isso, o neo-ateísmo ganha muita força na Europa, principalmente na França e no Reino Unido, impulsionado por incidentes como os ataques de 11 de setembro de 2001 e pela militância de intelectuais, que logo se tornam verdadeiros ícones do ceticismo moderno. Na esteira do astrônomo americano Carl Sagan, morto em 1996, o mais conhecido é o biólogo britânico Richard Dawkins, ex-professor da Universidade de Oxford e autor de livros que se tornaram best-sellers no combate à religião, como Deus, um delírio (Companhia das Letras). Por suas posições duras, mesmo panfletárias tantas vezes, Dawkins recebeu a alcunha de “Rottweiler de Darwin”.

Mas ele não está sozinho. Conta com apoio de um grupo que já se tornou conhecido como os “Cavaleiros do Apocalipse”. Dele fazem parte o pesquisador e filósofo americano Daniel Dennett, autor de A perigosa ideia de Darwin (Editora Rocco); o escritor e filósofo Sam Harris, também dos Estados Unidos, autor de obras premiadas como Carta a uma nação cristã e A morte da fé (ambos da Companhia das Letras); e o do jornalista britânico Christopher Hitchens, que, como seus pares, escreveu obras de sucesso como Deus não é grande (Ediouro). Em comum, todos contam com uma verve fácil que se vale de livros e documentários para conquistar discípulos.