Prometi para mim mesmo escrever algumas reflexões natalinas, essa será a primeira, e sinceramente gostaria que os leitores lessem e comentassem o tema.
Estava assistindo um programa na net[1], e eles mostravam diversos filmes sobre o natal. Duro de matar, Gremilins, e outras pérolas que remontam a época. Mas me achou a atenção de um filme frances Chamado Feliz Natal, que fala sobre uma trégua entre os soldados alemães e o soldados franceses durante um dado natal. Segundo o relato, na noite de natal um padre incitou os homens a cantarem musicas natalinas, e ouvindo isso os homens na outra trincheira imitaram a atitude, de modo que acabam forjando uma trégua. Por um lado, pensando de forma anglo-saxã, é bacana pensar que o natal é um tempo de tréguas e de baixar as armas, mas é inútil no sentido de que ele, como momento cronológico anual, não resolve os conflitos.
No caso dos soldados alemães e francêses, suas guerras eram por suas vidas, enquanto que seus lideres encontravam-se bem resguardados em seus palácios. Lendo Karl Polanyi (A grande transformação), entendemos que todas as guerras modernas foram causadas muito mais por motivos financeiros do que por causas ideológicas puras e simples. Pensamos na segunda Grande guerra como o malvado Hitler e suas hordas, mas devemos pensar que sua busca pela conquista do mundo também está baseada na busca do domínio do capital. Ele é culpado, assim como todos os outros evolvidos, mas o mesmo problema econômicos que possibilitou o surgimento de um Hitler, poderia fazer isso não Rússia, na França, nos Estados Unidos ou mesmo no Brasil (Sergio Buarque de Holanda). Ou seja, se a estrutura econômica não muda, as guerras e a fome continuaram a existir.
No caso das relações sociais, o natal é a época das campanhas do papai Noel, doação de brinquedos. É muito bacana, ajuda a melhorar pelo menos um pouco a dureza da vida, mas o caso é que não resolve nada. A maioria destas crianças é de famílias que tem empregos muito mal remunerados, e de fato, a maioria fica até contem de ter algum emprego. Se não houver uma política séria e responsável de geração de empregos de verdade (Servente de pedreiro não é emprego, pois em alguns anos o sujeito estará tão depauperado fisicamente que não poderá trabalhar mais), a miséria será constantemente presente, de modo que enquanto algum tem mais do que necessitam, outros comem restos. Eu me pergunto: será que a vida não é assim mesmo? uns mais sortudos que outros e tudo mais? Sim, ela é. Alias, a vida é trágica porque é finita, entretanto, ao entender isso, não deveríamos nos atolar em conformismo, mas sim deveríamos trabalhar para a existência de um mundo mais justo.
Outra situação é o caso das reuniões de família. Estarei tratando disso com mais cuidado no próximo artigo, mas aqui, dentro desta discussão, a lógica das situações poderia ser aplicada. Nas ceias de natal as pessoas se reúnem, por vezes, segundo o espírito de uma trégua meio a contra gosto. Transpiram ódio e rancor uns pelos outros, mas sentam-se ali, e fingem que está tudo bem. O lado positivo disso é que aqueles que não odeia tem a oportunidade de estar com aqueles parentes que realmente fazem falta, entretanto, a sei as vezes nada resolve, pois no ano novo as relações serão as mesmas. Assim como no caso das guerras, no caso dos pobres, a vida pessoal precisa ser resolvida de forma estrutural. Se as coisas não forem acertadas, primeiramente dentro de si e depois entre as pessoas, nada adianta.
Por fim, eu realmente não acredito na humanidade e acredito piamente que se não somos animais comum por causa da capacidade mental (homo phabers, homo religios, etc...) , somos extremamente incompetentes de usar nossa capacidade racional em todas as suas potencialidades. O uso da inteligência seria uma boa saída em direção a um mundo melhor. Ao afirmar isso, não espero que as pessoas mudem seu comportamento, mas seria interessante, pelo menos, entender direito os problemas, e se por algum acaso houver a disposição de mudar, fazer isso de forma consciente e coerente.
Então, neste Natal, aproveite bem para consertar algumas coisas. Aproveite para repensar e consertar suas relações pessoais, aproveite para repensar as relações econômicas que está matando e que matará milhares de pessoas em 2012, e por fim, repense as guerras que poderão nos destruir, o quanto você é culpado e o que você poderia fazer em 2012 para que a injustiça fosse menos. Não há salvação para o mundo, mas pelo menos, podemos melhorar um pouco a realidade na qual estamos presos...
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