sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sobre a transcendência ...



Outro dia conversava com um amigo, teólogo, que até me deu aula no seminário, com o qual há muito não trocávamos algumas idéias. Ele me disse que estava lendo alguma coisa no ramo da transcendetalidade e coisas semelhantes, buscando ressaltar junto a suas ovelhas a importância de olhar para o alto e tudo mais. Fique pensando: existe essa coisa de transcendentalisdade? Será que essa é a função básica das igrejas, e no caso positivo de sua existência, como ela deveria ser considerada enquanto tal.
Valeria uma discussão maior, mais elaborada, mas o que me ocorre é que a transcendentalização das coisas em si por vezes é apenas uma verniz pardo que coloca-se sobre as coisas em si. Eu não acho que isso seja ruim de fato, pois se pensarmos que a estética é uma transcendentalidade, que possibilita pegar uma pedra e nela manifestar uma forma de extrema beleza, ou não, notaríamos que a maioria das coisas que nos cerca está permeada e mediada por construções culturais relacionadas ao além e ao aquém.
Talvez devêssemos perceber que o Deus que construímos, ou pelo menos para os mais ortodoxos, o Deus que percebemos enquanto revelamento relevante, possui uma relação dialética do ideal para o real, conquanto começa no real e indo a idealidade pode voltar-se sobre a realidade transformando-a em algo melhor. Jesus, nesta perspectiva tem essa natureza de ser uma idealização de o que seria o homem enquanto perfeito, que volta-se sobre o mundo imperfeito para iniciar o circulo de aperfeiçoamento.
Qual é o problema da transcedentalidade? é que se ela volta-se sobre si somente, permanece enquanto utopos inútil, lamentável e heteronômico. Pois, se ele não dialoga com a realidade, ele apenas se imporá sobre as pessoas, tentando formatá-la. Se doutro modo observamos na perspectiva dialética da realidade, a realidade da vida melhora a utopia tornando-a cada vez mais próxima do praticável. Os atores do dialogo tornam-se participantes de uma busca construída ao longo do caminho, que nos leva a velha a conhecida teologia feita pelo caminho, como propunham os teólogos latino americanos. Elas avençaram em alguns pontos, mas perderam-se em outros, de modo que o conservadorismo destes pensadores custou caro para sua relevância frente às hostes (neo)pentecostais.
Por fim, transcendentalidade fala do que eu quero ser quando crescer, ou quando desencarnar, ou quando as coisas não forem mais como elas são. Poder-se-ia pensar que a transcendentalidade tem a implicações coletivas sociais, de modo que o inconsciente coletivo tem suas próprias prioridades e dinâmicas, seria a transcendência cultural que formata nossas pequenas transcendências pessoais? Se nossa transcendência pessoal não encontrasse correspondência na transcendetalidade coletiva, seria apenas mais uma loucura sem sentido....mas grandes transcendentalistas ou iniciadores de doutrinas, costumes e crenças eram ditos como malucos. Mas mesmo assim, essas maluquices simplesmente estejam já preestabelecidas como rotas de fuga psíquicas de uma dada cultura. Assim percebe-se que os neo-pentecostais são desprovidos de transcendentalidade espiritual, pois querem apenas ser ricos e sadio, coisas que não tem implicações para o além. Esse materialismo também não é capaz de dialogar com a realidade, pois seu ideal está acima da bem estar da coletividade ou da sobrevivência da humanidade, bastando pensar naqueles testemunhos bizarros que pessoas que se gabam por terem dois ou três carros, sem se importante com o fato que as ruas estão cheias de veículos e que os carros fazem mal ao meio ambiente.


Marcos Henrique

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