Há muitos anos isso tem aparecido na
mídia especializada ou não. São noticias horripilantes para o brasileiro médio,
de que igrejas na Europa têm sido transformadas em espaço com outras
finalidades, dentre elas, bares, museus, templos de outras religiões e mesmo
boates, se citarmos aquelas que simplesmente encontram-se fechadas.
Qual o problema? Bem o problema é
que a leitura deste fenômeno precisa melhorar, porque ela geralmente não contempla
o problema corretamente (no meu ponto de vista), de modo a não relacionar a
causa correta ao problema verdadeiro. Precisamos, portanto, entender essa
relação, de modo a se desenvolver uma resposta mais coerente ao problema
religioso contemporâneo.
Via de Regra, toda religião delimita
para si um dado espaço, e tempo, religioso com a finalidade de estabelecer ali
regras (formas e psicossociais) diferenciadas com fins a sua prática
espiritual. Isso tem motivos razoáveis, os quais qualquer pessoa que se
incomoda com celular tocando durante uma atividade qualquer pode conceber por si
mesmo. Quanto aos motivos espirituais, os quais geram regras administrativas de
energias e de contextos, de modo que o participante seja guiado rumo ao objeto
de contemplação.
O Termo sagrada tem relação com a noção
de separado, que agrega capital simbólico (mana) a objetos, espaços ou papeis
sociais com finalidade de promover ao devoto da religião a tal experiência. Isso,
nos textos antropológicos mais conservadores é categorizado como técnica religiosa,
que dependendo de como olhamos, é o que diferencia as diversas religiões.
Posto isso, faz todo sentido uma
dada religião ter seu templo, ter suas regras e rituais, de modo a promover sua
ideia e seus valores. Logicamente que teólogos cristãos do final do século XX já
apontavam[1]
a necessidade das igrejas mudarem o foco do templo para o ministério, afirmando
que a ênfase administrativa no templo era algo característico de igrejas
rurais, coisa não coerente com uma dinâmica urbana.
Logicamente que na cidade os templos
serão necessários, mas com uma finalidade diferente, tendo em vista que tendem
a serem transformados os templos em shoppings Center [2]
que atendam o maior numero de necessidades possíveis. O Problema disso, é que
para os Geógrafos, os shoppings são chamados de não-locais, conquanto não tenha
identidade própria e não tem reder de relação social consistente. A igreja
(rural?) é um local religioso por natureza, o qual gera não apenas relação entre o frequentador e as coisas alis presentes, mas gera identidade local por meio interpessoalidade das pessoas que se relacionam por
meio das mesmas ideias e valores.
Se a igreja transforma-se me
não-local, qualquer igreja serve, torna-se não-igreja, como os canais da TV, e, portanto, as relações
sociais deixam de ser importantes, perdem energia, assim como a doutrina e os valores.
Logicamente que a igreja evangélica
pentecostal é pouco consciente de suas ideias e valores, pois acreditam serem “de
Deus” e não fazem auto-reflexão com respeito ao seus discurso, que nada mais é do que o conjunto de dispositivos desenvolvidos social-historicamente. Isso impede
uma reflexão bíblica e a percepção da ação dos seus atores e de suas práticas religiosas e administrativas,
muito parecido com o que houve na Europa antes da falência do sistema antigo.
Então, ao olhar para o problema
europeu, é importante entendermos que as igrejas tradicionais perderam
paulatinamente sua função social porque pararam de atender as demandas
espirituais do seu povo. Muitos ficam choramingando contra a pós-modernidade,
mas o caso é que a igreja recusa-se a falar a língua e a linguagem de seu povo,
cultiva em seu meio uma casta de sacerdotes inúteis e ainda preocupam mais com
seus prédios do que com as vidas. Essa igreja merece acabar...
O Brasil vai passar por esse mesmo
fenômeno se a igreja cristã não reorganizar suas prioridades. A primeira
prioridade é a educação religiosa, a qual não tem sido feita a contento. Milhares
de pessoas frequentam os cultos, mas não sabem ler uma Bíblia, não sabem as
doutrinas básicas das igrejas que frequentam não saber viver e nem mesmos
exercer seus direitos de cidadão. Segundo prioridade, é a reorientação do
processo de formação dos pastores e obreiros, é necessário um maior número de
pessoas, principalmente pastores de tempo parcial, que tenham capacidade de
fazer o trabalho de pastoreio e não de arrecadação financeira. Terceiro ponto,
a dinâmica doutrinaria precisa caminha para discussões relativas à responsabilidade,
autonomia e liberdade, de modo que cada cristão seja sacerdote, no sentido de
levar Deus aos outros e viver em Deus.
Observação importante é que ninguém lê
em Apocalipse que no reino de Deus escatológico não haverá mais templo. O fim
dos templos é algo bom, sem templo o povo de Deus vai para as ruas, praças e
casas, de onde alias, nunca deveria ter saído...
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